Sabemos que o plástico está devastando a vida selvagem e assolando nossos oceanos, mas até agora sabemos muito pouco sobre os efeitos que os microplásticos estão causando sobre a saúde das pessoas.
Num primeiro estudo global, encomendado pela WWF e realizado pela Universidade de Newcastle, na Austrália, descobriu-se que estamos consumindo cerca de 2000 pequenos pedaços de plástico (microplásticos) por semana. Isso é aproximadamente 21 gramas por mês, pouco mais de 250 gramas por ano. Isso significa que, em média, as pessoas podem realmente estar ingerindo aproximadamente 5 gramas de microplásticos por semana – isso é o equivalente a um cartão de crédito.
Era 2015 quando o vídeo mostrando o calvário que uma tartaruga marinha precisou passar para retirar um canudo de sua narina viralizou na internet. Imediatamente, o objeto de plástico se tornou persona non grata em diversos restaurantes e dezenas de municípios brasileiros baniram seu uso. Mas o canudo não é o maior vilão dessa história.
Além dos macroplásticos, que são pedaços maiores de recipientes e embalagens, visíveis a olho nu, ainda precisamos lidar com os microplásticos, partículas minúsculas, de até 5 milímetros, que estão cada vez mais presentes nos rios, nos oceanos, no ar e no solo. E, de acordo com a organização International Union for Conservation of Nature, 28,3% dos microplásticos presentes no oceano, por exemplo, provém de fragmentos dispersados por —acredite— pneus enquanto rodam no asfalto. Outros 35% surgem a partir de fibras sintéticas têxteis —como poliéster e poliamida— liberadas em grandes quantidades após a lavagem doméstica. Outros 24% são provenientes da poeira das grandes cidades.
Não à toa, os microplásticos estão cada vez mais sendo encontrados no corpo humano. As pesquisas têm chamado a atenção dos cientistas, que se debruçam em estudos para entender a presença delas no nosso organismo, todavia tais estudos sobre os impactos da ingestão de plástico por seres humanos ainda são poucos e isolados entre si. Ainda estamos longe para desvendar as reais consequências do nosso consumo de plástico descartável.
O que sabemos é que o vazamento da poluição plástica na natureza e, consequentemente, no ar que respiramos, na comida que comemos e na água que bebemos é inevitável. Isso é alarmante e até agora foi recebido com uma resposta global insípida e inadequada por governos em todo o mundo.
Além disso, já existem diversos estudos que comprovam que existem microplásticos nos nossos corpos. Já foram identificadas partículas de microplásticos no sangue, fezes, pulmões e até mesmo na placenta. Estamos sendo expostos ao plástico mesmo antes de nascer. Mas quais são as consequências disso?
O problema ainda é muito “novo” e as primeiras pesquisas sobre possíveis danos causados pelo plástico começaram quando biólogos que estudam dieta de aves marinhas identificaram porções de plástico em seus estômagos, há cerca de 40 anos. E a partir disso muito já se foi pesquisado, mas ainda há muito mais a se descobrir.
Os resultados do relatório da WWF demonstram que o problema da poluição por plásticos é universal e afeta diretamente as pessoas. Todos os olhos devem agora estar em governos para intensificar e desempenhar um papel fundamental para garantir que todas as partes interessadas em toda a cadeia no sistema de plástico, de fabricantes e produtores a líderes governamentais e consumidores, sejam responsabilizadas pelo objetivo comum de acabar com a poluição por plásticos.
Por enquanto, a melhor opção é procurar maneiras para substituir o plástico: evitar o uso de embalagens descartáveis, utilizar potes de vidro (principalmente se para aquecer alimentos e bebidas), recusar o consumo de cosméticos com esfoliantes sintéticos e roupas de fibra sintética, optar por produtos reutilizáveis e tecidos de fibra natural, descartar corretamente o seu lixo e sempre reduzir o consumo, reutilizar o que é possível e reciclar o descarte!
A poderosa indústria petrolífera não gosta da vedrdade
A revelação de uma campanha sistemática de desinformação, conduzida por corporações do setor de combustíveis fósseis e petroquímica, foi identificada como elemento central na crise atual de poluição por plásticos.
Durante anos a fio, essas corporações mantiveram a narrativa de que a reciclagem era a solução ideal para o problema dos resíduos plásticos, mesmo cientes de que, na prática, a reciclagem de plásticos não se sustenta economicamente ou tecnicamente em larga escala.
O Center for Climate Integrity (CCI) divulgou um relatório inovador, trazendo provas nunca antes vistas que podem pavimentar o caminho para futuras ações legais contra as gigantes do petróleo e a indústria plástica por enganarem o público quanto à reciclagem de plásticos. Atualmente, estima-se que menos de 10% dos resíduos plásticos gerados no mundo passem por reciclagem.
Com o crescente número de processos judiciais nos Estados Unidos contra grandes petrolíferas por desinformação climática, surge um momento oportuno para que autoridades responsabilizem essas empresas também pela fraude relacionada à reciclagem de plásticos.
Você pode participar juntando-se a mais de 660.000 outras pessoas na assinatura da petição global pedindo um tratado juridicamente vinculativo sobre a poluição por plástico marinho.
Leia também:
Saiba mais em:
Uma resposta